FRASE FOCADA DA SEMANA
“Notícias em tempo real deve ficar para veículos instantâneos - rádio, televisão e internet. Jornal deve ocupar-se com o desconhecido. E enxergar o amanhã”.
Ricardo Noblat - jornalista, no livro "A arte de fazer um jornal diário"


Entrevista com a Jornalista Mirna Tonus

A equipe Foca no Jornal entrevistou a Jornalista, mestre em Educação, doutora em Multimeios, e professora universitária, Mirna Tonus sobre tendências e a importância do Jornalismo.


Mirna tem 20 anos de experiência na área de Comunicação, com ênfase em Pesquisa em Comunicação e Tecnologias da Informação e Comunicação. É vice-presidente Editorial e de Comunicação do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FMPJ), gestão 2010-2012. Membro do GT Campanha em Defesa da Profissão/Regulamentação do Jornalismo (2008).

Foca no Jornal - Em sua opinião, como se constituiu o jornalismo moderno tendo como influência a democracia e o capitalismo? Nessa “era moderna” é possível vermos coberturas isentas e mensagens confiáveis?


Mirna Tonus - A construção do jornalismo nesses termos - democrático e capitalista - enalteceu seu papel mediador entre as instituições e o público, servindo como um porta-voz, um "representante" do povo com "liberdade" de expressão. Entretanto, na relação capitalista, essa "voz" é limitada pelos interesses comerciais dos veículos, daí que todas as coberturas e mensagens devem ser analisadas criticamente, à medida que correspondem às linhas editoriais e aos vínculos das empresas jornalísticas com instituições políticas. Evidentemente, o jornalista que faz um trabalho sério, independentemente dos interesses do veículo, busca, com certeza, transmitir mensagens confiáveis, apurando todos os lados, ainda que a isenção seja um mito.


FJ - Com o surgimento de novas tecnologias, como o jornalismo se adapta a essas mudanças? Qual é a tendência do jornalismo para os próximos anos se esse ritmo permanecer?

MT - A adaptação do jornalismo às mudanças proporcionadas pelas novas tecnologias, entendendo novas como as tecnologias digitais de informação e comunicação, especialmente via internet, tem sido bastante complexa. A possibilidade de publicação por todo e qualquer cidadão altera a relação com a informação jornalística. Muito mais que adaptar-se, o jornalismo tem enfrentado desafios para se desenvolver nesse complexo ambiente. A tendência, a meu ver, é ele complexificar-se ainda mais, tornando-se multiformato, multilinguagem, multimídia e mais democrático, apesar de ainda dependente do sistema capitalista.

FJ - Quanto à decisão de não precisar de diploma para exercer a profissão de jornalista, ela é fundamentada especificamente no cumprimento do exercício da democracia ou tem outros motivos?


MT - A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) baseou-se, como declarado no acórdão disponível no site da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) - http://www.fenaj.org.br/diploma/acordao_stf.rtf -, no argumento da liberdade de expressão, direito difuso em uma democracia, contrapondo o diploma a essa liberdade. A motivação, considerando o histórico de liminares e recursos, demonstra a tentativa de fazer prevalecer os interesses de veículos de comunicação sobre o papel social do jornalismo. Jornalista segue código de ética, adota técnicas de apuração e redação/produção para apresentar as informações seguindo determinada estética, tripé esse - ética-técnica-estética - contemplado em sua formação profissional. Sem o diploma, o jornalismo está ameaçado.


Foto: Mirna Tonus

Texto: Mirna Tonus e Suzana Carrascosa Storolli

Publicação: Suzana Carrascosa Storolli

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